A vergonha acabou no Santander. Depois de inúmeras denúncias de assédio moral efetuadas por diferentes gestores em todo o Brasil, o Santander divulgou um vídeo institucional para a rede de agências escancarando a má prática. Na peça, o banco insinua a sexta-feira 13 como um dia de azar para os trabalhadores que não baterem as metas, em especial aqueles que não dobrarem seus números, com os aceleradores disponíveis.
O secretário-executivo do SindBancários Porto Alegre e Região, Luiz Cassemiro, fala que a última Consulta Nacional realizada pela Contraf-CUT com a categoria bancária, em 2023, mostra números alarmantes quando se trata de saúde mental e psíquica dos trabalhadores. Dos quase 20 mil bancários e bancárias que responderam a pesquisa, mais de 40% revelaram usar algum tipo de medicamento controlado para ansiedade e depressão nos últimos 12 meses.
“A categoria bancária representa cerca de 1% do emprego formal no Brasil e 25% dos afastamentos acidentários pelo INSS por doenças mentais e comportamentais. Esse cenário também comprova o quanto os bancos estão adoecendo os trabalhadores com cobranças de metas abusivas. É lamentável a postura do Santander na publicação do vídeo institucional. Repudiamos veementemente qualquer prática de assédio moral sobre nossos colegas. Nesse sentido, o movimento sindical lançou a campanha Menos Metas, Mais Saúde, para combater qualquer tipo de assédio, entre outras questões que causam cada vez mais adoecimento entre os bancários e bancárias”, salienta.
“Cobramos o banco Santander para que reoriente os gestores e retire esse vídeo do aplicativo”, afirma a coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander, Wanessa Queiroz. Ela lembra que, no Acordo Coletivo de Trabalho aditivo do banco, há uma cláusula de relações laborais, que orienta os gestores sobre as boas práticas. “Nós repudiamos qualquer política, qualquer comunicado, qualquer orientação que indique uma prática de assédio moral”, reforça.
A coordenadora destaca o quanto os trabalhadores têm sofrido com as cobranças de metas abusivas. “Isso tem impactado diretamente na saúde dos trabalhadores, com adoecimento físico e mental”, disse ao lembrar que, no próximo dia 26, está agendado uma reunião com o departamento de Relações Sindicais do banco para tratar do tema. “Os trabalhadores que sofrerem assédio moral devem procurar os canais de denúncias do sindicato de sua base. Assédio moral é crime e gera adoecimento aos trabalhadores”, alerta.
Fonte: Imprensa SindBancários e Contraf-CUT