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Gestão do Banrisul dá as costas às regiões afetadas pela enchente no RS

Banco ignora necessidades da população e anuncia o fechamento de agências nas localidades atingidas

Disfarçado como um “projeto-piloto”, na última sexta-feira (12) o Banrisul fez um anúncio aos funcionários, em reunião com um superintendente regional: a agência Mathias Velho, única do banco e uma das duas em todo o bairro de Canoas (sendo a outra da Caixa Econômica Federal), não reabrirá. Os trabalhadores seguirão atendendo os clientes no endereço da agência Boqueirão, que abrigará dois prefixos e, portanto, dois grupos imensos de clientes – os já tradicionais de quase metade do lado leste do município e agora também todos da única agência no lado oeste.

No dia 9 deste mês, a Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Banrisul entregou aos representantes do banco, na mesa de negociação, a pauta de reivindicações deste ano, construída no último Encontro Nacional dos Banrisulenses. Na oportunidade, o movimento sindical questionou o silêncio do banco diante das tentativas de abertura de negociação sobre a questão do estado de calamidade decorrente das enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul em maio. Foram uma série de ofícios, contatos, tentativas sem sucesso de estabelecer um diálogo sobre as medidas a serem adotadas neste momento. Um dos questionamentos apresentados foi qual seria o destino das agências afetadas diretamente pela enchente, já que esta cobrança se arrasta desde setembro de 2023, após a destruição das agências de Muçum e Roca Sales, em função da enchente anterior no Vale do Taquari.

Na reunião, um dos representantes do banco disse que “todos sabiam o que estava acontecendo e onde estão os colegas das agências afetadas”. O diretor da Fetrafi-RS, membro da Comissão e um dos muitos funcionários do Banrisul que teve sua casa devastada pela calamidade, Sérgio Hoff, replicou e asseverou: “Onde e como os nossos colegas estão é óbvio e não é preciso nos dizer isso. O que queremos saber é o que será deles agora, como e quando serão realocados de volta às suas agências de origem”.

Diante do impasse, os representantes do Banrisul se comprometeram a apresentar resposta sobre essa e outras demandas geradas pela situação de calamidade antes da primeira rodada de negociações da Campanha Salarial, que será nesta quarta-feira, dia 17 de julho. No entanto, na última sexta, os funcionários da agência Mathias Velho foram comunicados diretamente da decisão da diretoria do banco de a agência não reabrir e seu atendimento ser “fundido” com o da agência Boqueirão, a aproximadamente quatro quilômetros de distância da agência afetada pela enchente. Chamaram a isto de “projeto-piloto”, um “teste” de como seria atender o público de duas agências no endereço de uma.

Acontece que este “projeto-piloto” não é novidade nenhuma nos bancos. O Bradesco acaba de encerrar a operação de quatro agências espalhadas por Canoas, deixando apenas a unidade do Centro da cidade em funcionamento. É possível deduzir a partir destes números o quanto isso precariza o atendimento, dificulta o acesso da população e sobrecarrega os funcionários. A única novidade no caso do Banrisul, nesse contexto, é que a diretoria do banco se aproveita da situação fragilizada da população, que tenta se reerguer após as enchentes, para reduzir custos. O Bradesco ao menos teve a decência, por assim dizer, de criar um cronograma de fechamento das agências, em que manteve outra unidade aberta durante o momento mais crítico da calamidade.

A COE Banrisul irá para a mesa de negociação nesta quarta debater os temas estabelecidos na agenda de rodadas de negociação. Mas não sem antes abrir este debate da intransigência da diretoria do banco em promover mais este ato de precarização e redução do papel do banco diante da sociedade gaúcha.

Jornalista/Fonte

Imprensa SindBancários

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