Este e outros dados impactantes estão na pesquisa “Avaliação dos Modelos de Gestão e das Patologias do Trabalho Bancário”, realizada pela Secretaria de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT, em colaboração com pesquisadores do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UNB), para a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). Segundo a pesquisa, o atual modelo não apenas dita as condições laborais, mas também é identificado como uma fonte substancial de psicopatologias, que potencialmente distorcem a subjetividade e os laços sociais dos funcionários, o que resulta em sintomas de adoecimento e agravos à saúde mental.
Materializada na publicação “Gestão e Patologias do Trabalho Bancário”, a pesquisa mergulhou fundo nas complexidades do ambiente de trabalho dos bancários, examinando de perto como o modelo de gestão praticado pelos bancos pode afetar profundamente a saúde e o bem-estar dos profissionais da área. Acesse o documento na íntegra: Pesquisa Nacional da Contraf CUT sobre Gestao e Patologias do Trabalho Bancario 2024
Cultura do produtivismo adoece
A coordenadora da pesquisa, doutora Ana Magnólia Mendes, explicou que as análises indicam a presença intensa de discursos e práticas de controle, caracterizadas pelo foco nas metas, o controle exacerbado, a despersonalização dos trabalhadores, a presença de uma hierarquia rígida e o uso de ameaças como ferramentas de gestão intensifica, por sua vez, a competitividade e o produtivismo nas relações de trabalho e a presença de vivências de violência no trabalho e de sobrecarga. “Também a presença intensa de relações competitivas, marcadas pela exclusão dos funcionários na tomada de decisão da organização, pelo cerceamento da autonomia no trabalho, pela distribuição injusta, pela indefinição de tarefas e pela presença de disputas profissionais no local de trabalho estimuladas pela chefia, intensificam a violência no trabalho”, completou Ana Magnólia.
De acordo com a doutora, a presença intensa de relações produtivistas, por sua vez, intensifica a sobrecarga no trabalho. “Essas relações produtivistas, conforme descrito pela amostra, são caracterizadas pelo foco em metas, pela cobrança por resultados, pela pressão intensificada pela vigilância de resultados e também pela insuficiência de pessoas para realizar as tarefas que contribui para um ritmo de trabalho excessivo”, afirmou.
“Essas relações produzem as patologias da violência e da sobrecarga, caracterizadas pela presença intensa de vivências de cansaço, desgaste, sobrecarga, frustração, desmotivação, falta de liberdade de expressão e de opções no trabalho, indiferença entre colegas e desconfiança entre chefia e subordinados, as quais aumentam a presença de sintomas de adoecimento marcados por características de transtornos ansiosos”, completou Ana Magnólia Mendes.
O estudo, que contou com a participação de 5.803 bancários em todo o Brasil, revelou a presença intensa de fatores de risco do trabalho bancário, bem como uma alta ocorrência de sintomas de adoecimento entre os trabalhadores. Para o secretário de Saúde da Contraf-CUT, Mauro Salles, os resultados trouxeram à tona preocupações significativas sobre os impactos do modelo de gestão adotado pelos bancos na saúde mental dos trabalhadores. “Diante desse cenário, torna-se imperativo agir de forma imediata sobre os fatores críticos, buscando modificá-los, e melhorar as condições laborais”, avaliou Salles.
“O estudo realizado pela Contraf-CUT ressalta a urgência de compreender e abordar os efeitos danosos do modelo de gestão dos bancos na saúde mental dos trabalhadores. A implementação de medidas preventivas e intervenções adequadas se faz essencial para assegurar um ambiente de trabalho saudável e seguro para todos os bancários”, finalizou o secretário.
Contraf/CUT e Imprensa SindBancários