Trabalhadores e trabalhadoras estão novamente nas ruas, nesta terça-feira (12), o primeiro de dois dias da última reunião do ano do Comitê de Políticas Monetárias (Copom) do Banco Central (BC), para definir mudanças na taxa básica de juros da economia brasileira (Selic).
As concentrações dos atos do dia 12 acontecem em frente aos prédios do BC (veja lista abaixo). Nas cidades onde a entidade não tem sede, os sindicatos convocam a concentração para locais de grande circulação. Entre as 11h e as 12h, também ocorreram ações nas redes sociais, com a hashtag #JurosBaixosJá, com a marcação do Banco Central (@BancoCentralBR), nas postagens.
“Essas manifestações, tanto nas ruas quanto nas redes, e que vem acontecendo desde fevereiro, especialmente nos dias de encontro do Copom, são para chamar a atenção da sociedade e entidades que o Brasil não pode continuar praticado uma Selic tão elevada a ponto de o Brasil ser um dos países com a maior taxa de juro real”, explica a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e vice-presidenta da CUT, Juvandia Moreira.
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A previsão do próprio BC, entidade da qual o Copom faz parte, é de uma nova redução da taxa de juros básica em 0,50%, que com isso deverá passar dos atuais 12,25% para 11,75%. Se confirmada a queda, será o menor nível desde maio de 2022, quando estava em 11,75% ao ano.
“Essa chamada política monetária anticíclica, ou seja (que promove a aceleração do PIB e do consumo) só começou após intensa pressão dos movimentos sociais e do governo federal”, observa o secretário de Assuntos Econômicos da Contraf-CUT, Walcir Previtale. “De 2021 até agosto deste ano o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, foi elevando significativamente a Selic a ponto do chegar no patamar absurdo de 13,75% durante um ano. Por isso fomos às ruas e às redes sociais, para explicar à população o impacto negativo disso para nossas vidas, mostrando que a Selic pode ser uma arma para impedir o crescimento da economia como foi o que aconteceu”, completa.
Papel da Selic
A taxa básica de juros influencia todas as taxas de juros praticadas em um país, daí o seu papel fundamental na política monetária.
“Todos os anos, o governo gasta bilhões com o pagamento de juros da dívida pública. Só nos últimos 12 meses, esse pagamento ultrapassou os R$ 689 bilhões. Claro que os títulos de dívida pública têm uma razão de existir e fazem parte da política de estabilização da moeda, mas, por causa da Selic elevadíssima, o valor que o Estado brasileiro dispende com os títulos é muito grande, retirando recursos que deveriam ir para áreas essenciais como Saúde, Educação, infraestrutura”, completa a economista da subseção do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) na Contraf-CUT, Vivian Machado.
Economistas de tendência desenvolvimentista avaliam que uma taxa básica de juros razoável deveria estar no patamar de, pelo menos, um dígito, ou seja, abaixo de 10%. As nações membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que reúne 38 países de economias mais avançadas) trabalham com juros básicos muito mais baixos que o brasileiro. Na União Europeia, por exemplo, o índice está em 4%. Entretanto, o Brasil não poderia reduzir a Selic para esse nível por ter moeda menos valorizada.
Entenda
• O Copom, entidade do BC, se reúne por dois dias, a cada 45 dias, para definir a taxa básica de juros do país (Selic). No encontro anterior, em 31 de outubro e 1º de novembro, o índice foi reduzido de 0,50 p.p. n, de 12,75% para 12,25% ao ano.
• Apesar do corte, que levou a Selic ao menor índice desde março de 2022, o Brasil segue com elevadíssima taxa básica de juros e com um dos maiores juros reais (Selic menos a inflação) do mundo.
• Em três anos, sob a presidência de Roberto Campos Neto no BC, a Selic passou de 2% ao ano, em janeiro de 2021, para 13,75% em agosto de 2022 – nível mantido até agosto deste ano quando, finalmente, o Copom deu iniciou ao ciclo de redução do índice.
• A Selic elevada torna empréstimos mais caros às famílias e empresas, desencoraja investimentos e aumenta a dívida do Estado brasileiro com o pagamento de juros dos títulos do Tesouro Nacional.
• Os principais beneficiados com a Selic elevada são os detentores dos títulos da dívida pública, que atualmente são as instituições financeiras.
• Sondagem realizada pelo Dieese mostrou que cada ponto percentual na taxa Selic significa um aumento anual do custo da dívida pública de cerca de R$38 bilhões – valor que deixa de ir para educação, saúde ou infraestrutura.
• Economistas de tendência desenvolvimentista avaliam que uma taxa básica de juros razoável deveria estar no patamar de, pelo menos, um dígito, ou seja, abaixo de 10%.
• Os países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que reúne 38 países de economias mais avançadas) trabalham com juros básicos muito mais baixos que. Na União Europeia, por exemplo, o índice está em 4%. Entretanto, o Brasil não poderia reduzir a Selic para esse nível por ter moeda menos valorizada.
• A expectativa do mercado, para a reunião do Copom que segue até esta quarta-feira (13), é de um novo corte de 0,50 p.p., que levaria a Selic a 11,75%. Mantido esse ritmo de cortes, a taxa alcançaria um dígito apenas no final de 2024.
Confira os endereços das sedes do BC, onde se concentram as manifestações:
– Brasília (DF): Setor Bancário Sul (SBS), Quadra 3 Bloco B – Ed. Sede. Brasília;
– Belém (PA): Boulevard Castilhos França, 708 – Campina;
– Belo Horizonte (MG): Av. Álvares Cabral, 1.605 – Santo Agostinho;
– Curitiba (PR): Av. Cândido de Abreu, 344 – Centro Cívico;
– Fortaleza (CE): Av. Heráclito Graça, 273 – Centro;
– Porto Alegre (RS): Rua 7 de Setembro, 586 – Centro;
– Rio de Janeiro (RJ): Av. Presidente Vargas, 730 – Centro;
– Salvador (BA): 1ª Avenida, 160 – Centro Administrativo da Bahia (CAB).
Veja o vídeo da Contraf-CUT sobre os juros altos: