Dirigentes e delegados(as) sindicais lotaram o Plenarinho da Assembleia Legislativa, na manhã desta sexta-feira (8), para o lançamento do Fórum de debates sobre o papel público do sistema financeiro gaúcho. A iniciativa é do gabinete do deputado Miguel Rossetto (PT) e conta com o apoio do SindBancários Porto Alegre e Região, da Fetrafi-RS e sindicatos do interior.
Participaram da solenidade, o presidente do Banrisul, Fernando Lemos; do Badesul, Claudio Gastal; e o vice-presidente do BRDE, Ranolfo Vieira Júnior. O presidente do SindBancários, Luciano Fetzner; e a diretora da Fetrafi-RS e coordenadora do Comando Nacional dos Banrisulenses, Raquel Gil, também fizeram parte da mesa.
Segundo Rossetto, a proposta é de percorrer o estado do Rio Grande do Sul com o Fórum, mostrando a importância dos bancos públicos para o desenvolvimento econômico de todas as regiões. “Nós estamos animados com esse cenário desafiador em escala global, nacional e estadual, que nos convoca a pensar um outro projeto econômico”, disse, destacando que um novo momento se abre a partir da reforma tributária.
“Por décadas a referência de crescimento e desenvolvimento e de investimentos teve como base a renúncia fiscal. Mas a reforma tributária que deve ser votada este mês definitivamente encerra esta agenda desorganizadora das economias, destruidora das finanças dos estados e municípios”, apontou o deputado.
Um segundo desafio, segundo Rossetto, será a agenda social e ambiental. “Hoje, pensar uma nova economia é pensar uma economia que seja capaz de garantir trabalho e emprego para as pessoas participem da produção de bens e serviços, da riqueza do seu estado. Pensar isso é pensar também de forma sustentável, que seja capaz de cuidar do bem comum, dos nossos recursos naturais”, destacou.
Por fim, o parlamentar disse o que espera dos parceiros dessa empreitada. “Nós queremos que as instituições participem ativamente desse debate, que todas essas representações políticas do estado participem, que a gente possa chegar ao final do primeiro semestre com propostas de crescimento e de fortalecimento das nossas instituições”, concluiu.
A diretora da Fetrafi-RS Raquel Gil falou, emocionada, sobre o significado do Banrisul para gaúchos e gaúchas e a luta pela manutenção do banco público e agradeceu aos colegas presentes no Plenarinho, ao presidente do Banrisul e ao deputado Miguel Rossetto. “O povo do Rio Grande do Sul se junta às nossas campanhas contra as privatizações, e mostra aos governantes que o Banrisul que queremos é público. Se estamos aqui hoje, discutindo mais profundamente o papel desses bancos no nosso estado, é por conta de todo o trabalho que os dirigentes (sindicais) vêm fazendo nos seus espaços de luta. Parabéns senhores e senhoras”, disse.
“Quero agradecer ao nosso presidente Fernando Lemos. A tua presença aqui mais uma vez concretiza o que disseste lá na tua sabatina. Disseste que tu assumirias esse compromisso conosco, um compromisso de diálogo, de fortalecimento do nosso país, de fortalecimento do papel do Banrisul no atendimento aos clientes”, enfatizou, lembrando que Lemos havia se colocado como defensor da manutenção do banco público quando assumiu o cargo este ano, substituindo Claudio Coutinho na presidência do Banrisul.
Raquel também agradeceu ao deputado Miguel Rossetto “por ousar no exercício da democracia com a participação popular”. “É essa tua ousadia que fará com que cada espaço nesse estado, cada cidade, cada Câmara de Vereadores, cada escola, cada movimento sindical discuta que sistema financeiro nós queremos para o nosso estado. Isso é algo que nós não podemos perder nunca: a participação popular. Esse é o alicerce da verdadeira democracia”, finalizou.
O presidente do SindBancários, Luciano Fetzner, reforçou a importância do diálogo para o fortalecimento da economia do estado. “Nós buscamos sempre dialogar e ao mesmo tempo defender tanto os trabalhadores e as trabalhadoras que lá estão (dentro dos bancos) quanto as instituições e a sua saúde institucional como um todo”, afirmou. “Eu, particularmente, tenho acompanhado e participado ativamente ao longo dos últimos anos das negociações com o Banrisul, o Badesul e o BRDE e, ao longo destes anos, nós temos construído muitas soluções, caminhos e processos positivos para a sociedade gaúcha e para as nossas instituições financeiras públicas”, frisou.
Fetzner lembrou a importância da união entre trabalhadores, instituições e sociedade no enfrentamento das adversidades. “O diálogo, a participação e a cooperação são consignas que nos levaram a conseguir superar todo o processo da pandemia. Estamos superando todos os eventos catastróficos climáticos, econômicos, sociais que a gente enfrenta, seja aqui no Rio Grande do Sul, seja na sociedade brasileira. Tenho muito orgulho de nós termos aqui no estado um sistema financeiro com tamanha robustez”, ditou.
O vice-presidente do BRDE, Ranolfo Vieira Júnior, saudou a iniciativa de instituir o fórum e informou que o BRDE, como um banco voltado para o desenvolvimento do extremo sul, está terminando um estudo solicitado pelo Conesul para integrar ao seu capital social o estado do Mato Grosso do Sul. “Talvez no próximo ano, nós teremos mais um estado compondo o capital social do BRDE. Com isso, então, eu quero destacar a importância dessa discussão do sistema financeiro para o desenvolvimento do nosso estado e da região sul. Nós estaremos, sim, participando ativamente de todas essas reuniões (do Fórum)”, prometeu.
O presidente do Badesul, Claudio Gastal, se manifestou sobre a reforma tributária e a competitividade no setor financeiro. “Ter uma reforma tributária que muito foi almejada e discutida há 60 anos é importante, mas isso traz uma série de desafios para agências e para bancos como os nossos, vamos ter que buscar novas formas de levar o desenvolvimento de maneira descentralizada a todo o Rio Grande do Sul”, afirmou.
Há cerca de seis meses à frente do Badesul, Gastal ressaltou que o banco viveu uma crise nos últimos 8 anos e que, agora, retoma a situação original em termos de estrutura. “Agregamos 40 novos servidores técnicos de alto nível do último concurso que foram chamados para reposição de equipe de trabalho. Estamos vivendo neste momento o processo de planejamento estratégico do Badesul no intuito de pensar nos próximos 45 anos (…) Isso só é possível se nós tivermos um quadro técnico qualificado e tenho tido essa satisfação com o quadro atual”, destacou.
Reafirmando o compromisso com o diálogo, o presidente do Banrisul, Fernando Lemos, também se manifestou. “Nós temos compromisso de participar dessa discussão tranquilamente. Isso interessa ao Rio Grande do Sul”, iniciou. “Estamos num momento decisivo porque a reforma tributária, que é necessária e importante, vai mudar o padrão da economia brasileira e nós temos que estar atentos a isso. Nós temos três grandes instituições que se complementam e que podem induzir e devem induzir o desenvolvimento econômico do estado.”
Para Lemos, bancos de varejo são fundamentais para que a economia seja forte. “Não existe estado forte que não tenha um grande banco de varejo, porque é ele que distribui o crédito. É por isso que eu tenho tranquilidade em me posicionar sem nenhuma dificuldade, em defender a permanência do Banrisul, porque eu sei o valor que ele tem para a economia do Rio Grande do Sul. Eu não sou estatizante nem privatista, sou um homem pragmático. Eu enxergo aquilo que é essencial para uma economia”, explicou.
O presidente do Banco do Estado falou também sobre investimentos para melhorar a eficiência do atendimento. “Nós acabamos de comprar 12 mil computadores para substituir todo o parque de máquinas do banco, que estava bastante sucateado. Serão entregues semana que vem e até fevereiro toda a rede de agência estará com computadores novos”, anunciou. “Nós vamos modernizar o banco, mas com um foco único nas pessoas. O Banrisul não é um banco digital, não é uma fintech, ele é um grande banco que sabe atender as pessoas. Nunca vamos abrir mão da nossa presença e do olho no olho”, garantiu Lemos.
Texto: Aline Adolphs
Fotos: Laís Escher/SindBancários
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