* por Gilnei Nunes
Não bastasse a sombra da privatização que recai sobre o Banrisul e seu grupo de empresas, a Banrisul Consórcio parte para a terceirização na venda dos seus produtos através de empresa privada chamada Funchal. Cabe lembrar que a operadora hoje conta com quase 500 agências espalhadas no Rio Grande do Sul e em outros estados, além dos outros diversos canais como teleatendimento, chat e whatsapp.
A Funchal, parceria de terceirização escolhida pela Banrisul Consórcio, atua em diversos segmentos. Atualmente, trabalha na área de suporte do pós-contemplação dos consórcios, no segmento imobiliário, ofertado pela operadora do Banrisul. A empresa que tem sua sede em São Paulo atua também nos segmentos do mercado financeiro, tais como bancos, financeiras, seguradoras, cooperativas e contact center.
Com este movimento da Banrisul Consórcio, entende-se que o sentido seja de ampliar a carteira de vendas de cotas de consórcios. Olhando por este prisma, parece ser positiva a ação da operadora em querer ampliar seus negócios. No entanto, o movimento sindical entende que a construção de parcerias do Banrisul com empresas privadas denota claramente o processo de esvaziamento do Banco, preparando não somente uma futura privatização do Banrisul, como a venda do conjunto das empresas que compõem a holding. Para além disso, também preocupa a tendência, apontada em recentes dados do Dieese, à quarteirização, tão nociva quanto a terceirização para as relações de trabalho.
Alguns podem dizer que o Banrisul já trabalha com o segmento privado através da Rio Grande Seguros, em parceria com a ICATU Seguros. Mas a Rio Grande Seguros é uma fusão com a ICATU, líder no mercado regional de seguros. Mesmo sendo acionista minoritário, o Banrisul detém a gestão da Rio Grande Seguros. Já o negócio que está sendo implementado com a Funchal é totalmente diferente, significa colocar nas mãos da iniciativa privada toda a parte de cadastro de clientes, além de toda uma rede de agências, com expertise do negócio na venda de cotas de consórcios.
Desde 2015, o Banrisul sofre com o assédio da privatização. Começa com a gestão do ex-governador Sartori e o fechamento de muitas agências fora do estado. Aliás, muitas dessas agências lucrativas e situadas estrategicamente em grandes centros como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Minas Gerais hoje poderiam potencializar negócios de produtos importantes, comercializados pela rede de agências do banco, como nos casos de venda de consórcios, vales-alimentação e refeição da Banrisul Pagamentos e toda linha de seguros da Rio Grande Seguros.
Nesse cenário, o modelo de negócio que vem se desenhando na Banrisul Consórcio se distancia da missão de um banco público, forte e próximo ao povo gaúcho.
Fonte: SindBancários/RS